03 setembro 2007

Filha de Dias Gomes lança livro sobre sexo, drogas e rock n' roll.

Muita gente diz que a literatura brasileira está de mal a pior, pois de Paulo Coelho pulamos para Bruna Surfistinha e agora Mayra Dias Gomes.
Muita gente acha isso ruim, mas vou te dizer uma coisa simples, acho que a maior publicidade de um tipo desses de material é feito pelas pessoas que falam mal, pois acredito que se Mayra e Bruna tivessem escrito livros de culinária ou até mesmo uma história infantil, poucos saberiam que o livro existiria, mas como elas falam da tão desejada e tão descriminada "putaria" e em primeira pessoa, o povo fala mal e acaba despertando curiosidade em pessoas mais livres (de preconceitos).
Acho que as vezes isso é o meio mais forte que o autor pode ter para divulgar seu material. Ainda não li o livro, mas li trechos que estão expostos em sites de diversos tipos e eu peguei alguns bem legais para vocês terem noção do que se trata o livro.
Acho que se Mayra não fosse filha de Dias Gomes que tem um certo nome a zelar aconteceria como a tal Lolita Pille que escreveu Hell, livro que se trata de uma menina com seus 18 anos de família muito rica e pais que não lhe davam assistência familiar. Lolita diz no livro que saía para almoçar com amigas e gastava simples 800 euros em 1 único prato. Frequentava diversas baladas e saía com homens para ter acesso fácil a cocaína. A mesma história de sempre, dizem que logo após a publicação do livro, Lolita teria sido expulsa de casa pelos pais e teria se protituído para sobreviver, acho que isso não acontecerá com Mayra, pois gerar uma bagunça dessas não seria bom para seu pai e também porque me parece que o livro de Mayra é bem mais "light" do que o de Lolita Pille.
Abaixo segue trechos do primeiro livro de Mayra Dias Gomes, FUGALAÇA.

1º trecho: " Seus lábios finos se aproximaram e me arrancaram um beijo indesejado. Olhei para ele como se não estivesse lá, através de seu corpo, procurando bloquear sua imagem, procurando expulsar sua presença com telepatia. Eu não conseguia dizer nada, no fundo eu achava que devia alguma coisa para ele. Ele me pegou com vigor pelos braços e me jogou na cama. Eu tentei me levantar mas ele me empurrou novamente, colocando a mão nos meus seios. Olhei pro teto e vi as estrelinhas que brilham no escuro grudadas. Eu costumava fazer pedidos a elas com espírito de criança intocada que não conhece o mundo. Ele estava em cima mim e eu queria que ele saísse. Tentei empurrá-lo, mas não consegui, não tinha forças e ele segurava meus braços com uma única mão. Parei de reagir e olhei nos seus olhos. — Pára, eu não quero, pára! — eu disse deter­mi­na­da­men­te. — Shhh! — Ele levou o dedo indicador aos lábios. — Não vai doer, relaxa. — Não, por favor, eu não quero, tô falando sério! Naquele momento eu faria qualquer coisa, menos relaxar. Via seus poros oleosos de perto demais e suas espinhas pareciam ter se multiplicado. Pareciam estar prontas para explodir e jogar pus nos meus olhos. Tentava afastá-lo do meu corpo, mas não conseguia. Mexia-me de um lado pro outro neuroticamente pedindo para ele parar. Gritando que o odia­va. Mexia-me de maneira tão brusca que acabei batendo com a cabeça na mesinha-de-cabeceira. Machucou e eu fiquei mais tonta. Olhei para frente e em cima da escrivaninha vi uma foto embaçada de quando eu era criança. Estava sorrindo e abraçava minha irmã. Sentia nojo de mim mesma deitada em sua cama, em seu cobertor de flores rosa, no seu quarto de paredes mais rosa ainda. Ele ainda era capaz de segurar minhas duas mãos, como se estivessem amarradas, com uma só mão. Com a outra ele tirou do bolso uma camisinha, abriu a bermuda, colocou o pau para fora, rasgou o pacote com o dente, colocou a proteção e riu de maneira debochada. Fechei os olhos e o deixei me conduzir freneticamente durante vários minutos de dor insuportável. Quando ele gozou e parou de soltar seu gemido repugnante, se jogou em cima de mim. Então finalmente consegui empurrá-lo. Ele ficou deitado ao meu lado com a respiração ofegante. Ele levantou, vestiu sua bermuda azul e olhou para minha figura estilhaçada com um olhar zombeteiro. Deu uma risadinha sarcástica, deixou a camisinha cheia de porra largada em cima da mesa e saiu do quarto arranhando o tênis no chão sem dizer mais nada. "

2º trecho: " Quando eu tinha onze anos, as Spice Girls estavam no auge. Eu e minhas amiguinhas andávamos de plataformas gigantescas e fazíamos covers com coreografias idênticas às delas. Nós éramos felizes. Mas aí meu pai morreu em um acidente de carro... Ele morreu e levou com ele toda a inocência e a empol­gação que eu tinha por ser uma criança. Ele era ídolo e herói nacional, caricatura e personagem da televisão e do cinema brasileiro. Em uma manhã ensolarada, depois de não ter sido acordada por minha tia às sete e meia da manhã e supostamente ter perdido o ônibus escolar, tive meu primeiro encontro cara a cara com a raiva e a plangência profunda. Eram oito e meia da manhã de um dia quente e ameno. Eu comia um misto-quente e bebia um copo de Nescau frio, sentada na frente do computador. Havia sido informada pela minha tia Lua que meus pais estavam em um hospital depois de terem sofrido um acidente de carro em São Paulo. Havia sido informada pelos seus olhos verde-claros que nitidamente entregavam que alguma coisa estava sendo escondida de mim e da minha irmã mais nova. Hesitante, porém incontrolavelmente curiosa, entrei na Internet para procurar por notícias. Foi súbito e de impacto que a página inicial de notícias do Explorer no meu PC me informou com frieza que meu pai e minha mãe haviam sofrido um acidente de carro e que meu pai nunca mais iria voltar. Nunca mais. As palavras eram grandes, pretas e nítidas. Ele estava morto. Morto. "

3º trecho: " Comprei cocaína pela primeira vez no mesmo bar em que havia terminado com Fábio. Era tão fácil, todos os vendedores de bala e chiclete que permaneciam a noite inteira na frente do bar tinham papelotes de trinta e vinte reais nos bolsos. Era só olhar para eles e dar uma fungada que eles entendiam o que eu queria. Quando usei pela primeira vez, não senti efeito nenhum e comecei a criar um pensamento de que devia ser imune àquela droga. Mas eu não queria desistir da sensação, então continuei comprando, até conseguir sentir o pico de segurança e energia que a coca devia dar. O pico que ele sentia. Então eu enchia minhas narinas não de pó, mas sim dele. Enchia minhas narinas das sensações que ele sentia. Era delicioso, eu passava a usar coroas mesmo sem nenhuma na minha cabeça. Sentia-me como Napoleão Bonaparte. A onda era diferente de todas as outras, era realista e nada alucinógena e parecia compatível com qualquer situação. Eu andava pelas ruas de Ipanema por vinte ou trinta minutos com o ego nas estrelas, a adrenalina nas veias, com ele dentro de mim e depois tudo ficava bem. O nome dele era Cocaína e a cocaína se chamava Riki. Mas eu não iria contar para ele, que era só meu amigo. Ele provavelmente me recriminaria. "

4º trecho: " — Como foi aqui no Rio, filha?
— Ah, foi tranqüilo. Nada demais. — Mãe, socorro, eu cheirei cocaína pra caralho e tô completamente fodida!
— Que bom! A Sarah disse que você trouxe uns amigos pra cá. O que vocês fizeram?
— Nada demais. Ficamos ouvindo música e conversando... — E cheirando cocaína.
— Beberam um monte, né? — Sei lá, mãe... — Bebi, mãe, bebi pra caralho! E cheirei cocaína!
— Sei lá, não! Claro que você sabe! Beberam o quê? Aquele vinho barato do quiosque, né, Satine?
— É, mãe, sei lá, cara. Normal... — Isso mesmo mãe, trouxeram garrafas de Cantina da Serra e eu influenciei todo mundo a cheirar cocaína e fumar maconha só porque eu preciso mascarar o buraco que aquele maldito deixou em mim! Mãe! Me ajuda, mãe!
— E como tá o Riki?
— Tá em São Paulo, pô. — Deve estar beijando milhares de garotas enquanto eu tô aqui nesse estado escroto!
— Eu vou dormir, filha... Tô cansada da viagem... Boa noite! A gente conversa melhor amanhã!
— Boa noite. — Não, mãe, não vai, por favor, volta aqui! Acende a luz e vê as cicatrizes pavorosas que estão no meu braço debaixo desse casaco de moletom! VOLTA, MÃE! "

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